domingo, 9 de junho de 2013

 

   Agora, olhando para trás, apercebo-me que realmente foi tudo imperfeitamente perfeito. Lembro-me de quando chegaste, vestido de branco e azul, e lembro-me perfeitamente da vontade que senti de te beijar, mesmo ali à frente de todos, mas não podia, fiz um grande esforço, controlei aquela vontade insana de te ter só para mim, quando no fundo ainda não eras meu.

    Saímos do restaurante e ficámos os dois, finalmente só os dois.
   Era uma noite agradável de Março, e ali estávamos nós, sentados num banco (que agora sei que foi escolhido de propósito, só porque havia flores mesmo ao lado). O desejo envolvia os dois, uma felicidade inexplicável, um sentimento único... E depois de bastante tempo, dei por ti a levantares-te e a erguer o meu corpo à altura dos teus olhos fazendo com que os meus pés assentassem no banco, fiquei um pouco mais alta que tu. Fechaste os olhos e começaste a rir, balbuciaste qualquer coisa como "como é que eu digo isto?", e depois disseste-o, disseste mesmo, diretamente nos meus olhos, e eu durante alguns segundos parei de respirar para logo a seguir responder que sim, com toda a convicção possível e aceitar a flor branca que tinhas na mão. Abracei-te com força e tu fizeste o mesmo, fiquei ao teu colo o resto da noite. Choveu imenso depois disso, mas ficámos os dois no mesmo banco, debaixo do teu casaco de cabedal, ignorando a chuva que não parava de cair.


Amo-te